EXCLUSIVO – A chegada de José Pires à presidência da Bradesco Capitalização, no início deste ano, marca uma nova fase para a companhia. Com uma trajetória sólida em vida, previdência e gestão de investimentos, Pires traz uma visão de crescimento pautada pela inovação e pela função educacional da capitalização no estímulo à disciplina financeira dos brasileiros. “A capitalização é uma oportunidade do indivíduo se tornar superavitário do que ele ganha. É criar o hábito de guardar um pedaço do que se ganha e isso é educação financeira na prática”, afirma o executivo.
Pires destaca que o setor vive um momento de expansão, impulsionado por novos usos do produto, especialmente na garantia de crédito, agora reconhecido pelo regulador como modalidade de garantia fiduciária. Esse modelo permite que pessoas físicas e jurídicas ofereçam títulos de capitalização como garantia para operações de crédito ou licitações públicas, em vez de bens como imóveis ou veículos.
“É uma alternativa leve, porque o cliente imobiliza uma pequena parte do seu recurso por um período e, ao final, resgata tudo o que aplicou. Enquanto isso, tem acesso a um crédito muito maior e ainda concorre a sorteios”, explica. O produto representa atualmente cerca de 3% a 4% do faturamento do mercado, mas o potencial é enorme. “É do tamanho da carteira de crédito brasileira”, resume Pires.
A Bradesco Capitalização enxerga no hábito de poupar e na educação financeira um dos pilares de sua estratégia. Com cerca de R$ 50 bilhões em reservas, o setor de capitalização já conquistou um público fiel e os índices de recompra comprovam isso: 95% dos clientes adquirem um segundo título e mais de 80% renovam após o vencimento.
“Isso mostra que o cliente entendeu o valor do produto. Ele concorre a prêmios, pratica disciplina financeira e recebe tudo de volta no final. É uma experiência positiva, mesmo para quem não é sorteado”, reforça Pires.
Um dos produtos mais recentes da Bradesco Capitalização é o título de filantropia premiável, que une a possibilidade de ganhar prêmios à doação para causas sociais. O cliente adquire um título, concorre a sorteios, mas o valor do resgate é revertido a uma entidade beneficente. “É um produto pequeno, com tíquetes médios de R$ 14,90 ou R$ 15, mas de grande impacto. O participante pode levar R$ 100 mil, R$ 500 mil, até R$ 1 milhão, e o resgate vira uma doação”, explica Pires .
A Bradesco Cap firmou parceria com o GRAAC, instituição de referência no tratamento de crianças e adolescentes com câncer, e já começa a colher depoimentos emocionantes de famílias beneficiadas. “Nós estivemos no GRAACC com a diretoria e ouvimos histórias tocantes. O prédio é em São Paulo, mas atende pacientes de todo o Brasil. É empolgante ver um produto que entrega prêmios reais e, ao mesmo tempo, cumpre um papel social essencial”, destaca Pires.
O potencial do produto de incentivo
Entre as frentes de crescimento, o presidente da Bradesco Cap aposta fortemente na modalidade de capitalização de incentivo, usada por empresas como ferramenta de relacionamento, fidelização e aumento de vendas.
O formato funciona como um white label: a empresa define sua necessidade e a Bradesco Capitalização desenvolve uma campanha personalizada com sorteios e prêmios. “Se uma empresa quer reduzir inadimplência, podemos criar uma campanha como ‘pague em dia e ganhe números da sorte’. Se quer atrair novos clientes, podemos oferecer ‘cadastre-se e concorra a prêmios’. É uma solução feita sob medida”, explica.
O produto é considerado um diferencial competitivo em mercados de alta concorrência, como crédito consignado e cartões. “Em uma das parcerias recentes, uma campanha de ativação de cartões de crédito resultou em aumento de 23% nas ativações”, pontua Pires,
A inovação tecnológica também está no centro da estratégia da Bradesco Capitalização. A companhia oferece integrações via APIs, permitindo a rápida implementação de campanhas de incentivo nos sistemas dos parceiros. Além disso, Pires acredita que o uso de inteligência artificial deve aprimorar a experiência do cliente, especialmente em atendimentos operacionais.
“O segredo está no equilíbrio: o cliente quer resolver rápido, não importa se é com uma pessoa ou com uma IA. Queremos oferecer as duas opções, garantindo agilidade e qualidade no atendimento”, afirma. O executivo reforça que o uso de tecnologia não reduz equipes, mas amplia a capacitação interna. “Treinamos, realocamos e continuamos crescendo. A tecnologia vem para somar, não para substituir.”
Olhar para o futuro
Para Pires, o papel da capitalização vai muito além de sorteios e prêmios: trata-se de um instrumento de inclusão financeira e educação econômica. Sua meta é fortalecer a Bradesco Capitalização como uma empresa capaz de oferecer soluções completas, personalizadas e conectadas às novas demandas do consumidor e das empresas.
“A capitalização é uma ferramenta de transformação. Quando bem utilizada, ela educa, premia e movimenta a economia. Nosso desafio é mostrar isso de forma cada vez mais clara para o mercado e para a sociedade”, esclarece Pires.
Com uma estrutura enxuta e resultados consistentes, a Bradesco Capitalização figura entre as três ou quatro maiores operações do Grupo Bradesco Seguros. “De janeiro a setembro, o lucro do grupo foi em torno de R$ 7,3 bilhões, sendo que a Bradesco Capitalização respondeu por cerca de R$ 580 milhões, o equivalente a 8% a 9% do total. É um resultado muito expressivo e que mostra a importância da empresa dentro do conglomerado segurador”, ressalta o executivo.
Kelly Lubiato, de São Paulo
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